segunda-feira, 5 de julho de 2010

Angra 3 promete mais energia para o Brasil.

Certamente, seus pais eram adolescentes quando, em 1984, iniciou-se a construção de terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. A obra parou em 1986. Só agora, depois de muitas discussões e polêmica, Angra 3 recebeu a licença para retomada do projeto. Deve entrar em operação até o final de 2015.

O que isso representa? Segundo especialistas favoráveis ao sistema, trata-se de uma das formas de aumentar a oferta de energia no País, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. Além disso, a energia nuclear é considerada fonte de energia limpa, com reduzida emissão de gases causadores do efeito estufa. A opinião é compartilhada por ambientalistas importantes, como James Lovelock.

Ainda apresenta algumas vantagens em relação a outros tipos de produção de energia. Precisa de área menor para sua edificação do que a exigida pelas hidrelétricas - que hoje geram cerca de 95% da eletricidade consumida no País -, que causam grande impacto ambiental ao ter de alagar regiões.

Angra 3 poderá gerar cerca de 10 milhões de MWh por ano, o que seria suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte no mesmo período. Juntas, as três usinas nucleares podem produzir, em média, 26 milhões de MWh anualmente.

O maior desafio das usinas nucleares é a destinação correta dos resíduos, principalmente os de alta atividade, aqueles com grande nível de radioatividade, em que os efeitos nocivos duram muitos anos. Crítico à energia nuclear, o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc exige o desenvolvimento de formas mais eficazes de armazenar os rejeitos. Os órgãos responsáveis pelo assunto no Brasil afirmam que estão desenvolvendo melhores soluções para a questão.

Energia nuclear versus arma nuclear
As pessoas, em geral, ficam desconfiadas quando o assunto é energia nuclear. A maioria não sabe exatamente como o processo de produção acontece. Ainda há muitos mitos sobre esse tipo de geração de energia. Afinal, o que ficou na memória de todos são os efeitos devastadores da bomba atômica e dos acidentes nucleares, como o que ocorreu em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Nesse episódio, o reator da central nuclear explodiu, liberando nuvem radioativa que contaminou o ambiente, as pessoas e os animais. Muitos morreram. Parte dos que sobreviveram desenvolveu graves doenças.

Hoje, as centrais nucleares são mais seguras. Mas o que preocupa especialistas e alguns órgãos internacionais, como a ONU, é o desenvolvimento de tecnologia para fabricação de bombas. O Brasil, aliás, está envolvido em uma polêmica internacional. Grande parte dos países não aprova que o Irã enriqueça urânio - substância usada tanto para fabricação de eletricidade quanto de bombas com grande efeito destruidor -, pois acreditam que essa nação não o usará para fins pacíficos.

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, conhecido pelas opiniões contra o Ocidente, diz que seu programa nuclear objetiva apenas produzir energia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende o plano do Irã; por isso, o governo brasileiro negociou acordo entre esse país e a Turquia para a troca de urânio, que será fiscalizada por uma agência da ONU. Os iranianos enviarão a substância à Turquia que o devolverá suficientemente enriquecido para colocar um reator de pesquisas médicas em funcionamento e não para fazer bomba.

Como é a produção
O urânio é o combustível que faz a usina nuclear funcionar. No Brasil - sexto produtor mundial da substância - a maior parte do minério é retirada da mina de Caetité, na Bahia.

A energia é produzida de forma semelhante à da usina termoelétrica, na qual a queima do carvão, óleo ou gás, aquece o sistema de água. O líquido se transforma em grande quantidade de vapor, que movimenta a turbina do gerador de eletricidade.

Na usina nuclear, a reação dos átomos de urânio (que ficam dentro do núcleo do reator, local em que tudo acontece) é que produz muito calor e ferve a água. Dessa forma, o vapor movimenta a turbina, que liga o gerador de eletricidade e abastece a rede de energia. Complicado? Lembrar das aulas de química pode ajudar.

Atualmente, os reatores nucleares possuem muitos sistemas de proteção para reduzir as chances de acidentes. Além disso, as usinas no Brasil foram projetadas e construídas respeitando normas de segurança internacionais e a legislação ambiental do País. Os locais também são avaliados por instituições, como a International Atomic Energy Agency e a World Association of Nuclear Operators.

Consultoria de Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, e Luiz Filipe da Silva, assessor da presidência das Indústrias Nucleares do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário